Por: Jameson Brandão
Ei moço!
Tu
conheces as minhas dores?
Deixei a
casa de taipa!
Deixei a
casa do meu barro!
Deixei tudo
com dor e lástima!
Enxuguei
meus prantos com pó!
Será que
não vê?
Que deixei
tudo,
Tudo da
minha Orobó!
Mas se a
partida fosse fácil,
Amaria
fielmente a minha vida!
Mas olho o
calo nas mãos,
O pé
devastado,
A roupa
rasgada
E o mais
dolorido,
Como posso
amamentar,
Se tenho
mais duas filhas
E mais uma
que virá,
Tantas
bocas,
Tantas
gentes,
Tantos
inocentes,
Será certo
fazer o que me dizes?
- Pega
tuas trouxas moça,
Já é hora
de partir,
Deixa tuas
crias comigo,
Será
melhor assim.
Com a fome
não tem negocio,
Ou deixo
minhas filhas
Ou morremos
no sol sim,
Já chego
ao oitavo mês,
Percebo
que ele vem,
De um lado
o sinhô da terra,
Do outro o
sertão de quem?
Me pego
pensando,
Será
melhor assim?
Ou será o
meu devir?
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