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Mãe! Cade você? (conto)

Jameson Brandão

Foi difícil aquele dia, mas as escolhas da vida nos enganam, nos caminhos e nos becos surgem os desesperos e suas filhas. Tristeza, raiva, melancolia, insegurança, desespero..., mas o amor é grande e prevalece intacto, mas presos no envolto das filhas.
Já era noite quando as notícias chegaram até mim. Me espantei, decepcionando mais ainda. Triste confuso. Não podia acreditar naquela frase, não podia... mas ficou cravado na mente vê tudo aquilo. A tarde parecia tudo bem e até estava, quando uma mãe entrou em uma sala de cirurgia, mas o pequeno rapaz trabalhava.
Vidas, flores, apertos e abraços, carinho, toque na face, o ombro amigo, tudo isso, como em noite desastrosa começava a sumir. As estradas iluminadas já começaram a aparecer, mas os sentimentos continuavam fervorosos. Naquele momento mudava, desespero, ansiedade, tristeza, choro, agonia. Choros e mais choros revelavam o amor que habitou naqueles tempos, naquela pequena casa, nos pequenos gestos. 
No silêncio da cidade, o telefone toca para o pequeno rapaz. É uma corrida contra o tempo. No hospital o tempo derrama suas areias. Mas o rapaz ainda trabalha, não tem ninguém para o substituir, mas o que mais importa agora? Correr, correr, voar, gritar e chorar, lágrimas de sonhos e amor se desvaem entre os homens de branco. As portas do estabelecimento demoram a ser fechadas, mas ele corre para casa, não, não está mais em casa. O hospital é longe e o dinheiro já se foi há tempos. Anjos cantam, anjos descem em sinal de que uma alma valeu a vida.
Moto, carro, qualquer coisa servia, podia ser os últimos momentos de sua majestade na terra. Uma mão amiga o ajuda e ele parti em direção ao hospital. Quando chega, vai em direção a sala onde fica sua mãe, muita gente a cercava, quando sua mão ia em direção a ela, as portas se fecham, e como em última cena, os suspiros e lembranças se acometem. Lágrimas e lágrimas, soluços e não soluções. Infelizmente ele não chegou a tempo, coração na mão e bisturi nos pés. Não foi flecha que atingiu o coração, nem tampouco o bisturi. Mas bem que ela tinha medo daquela cirurgia, não queria fazer. Mas a frase do rapaz não me esqueço, tocou-me profundamente. Mãe! Cadê você?...


Dedicado a Paulo Henrique e família, não para labutar com os sofrimentos, mas sim, que a saudade é o navio que vai e vem, navegando pelo tempo e dizendo que tudo valeu, e na memoria o amor se demostra.

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